No rádio de hoje, uma boa voz não é impreterivelmente o
fundamental, ainda que ajude e seja um item de importância.
Para o locutor de rádio, o mais importante é transmitir com
objetividade, segurança e credibilidade na leitura da informação.
O sucesso do locutor de notícias depende principalmente de:
- conhecer os assuntos abordados;
- ler o texto antes de entrar no ar;
- marcar as palavras que devem ser lidas com ênfase;
- assinalar a pronúncia correta de nomes e lugares;
- ler sem pressa;
- interpretar (e não encenar) o texto;
- ser natural – alegre, consternado ou irônico – sempre respeitando
o tom da notícia;
- acreditar no que está lendo.
Uma boa dicção valoriza o texto e não
confunde o ouvinte.
Por isso, o locutor deve articular bem as palavras, sem comer
letras ou sílabas inteiras, nem deixar cair o tom de voz no final das frases,
atrapalhando o ritmo da leitura.
O locutor deve ficar a cerca de dez a vinte centímetros de
distância do microfone, para evitar a saturação do mesmo, e por conseguinte
provocar a distorção no áudio.
Na verdade, essas distância varia de acordo com a potência de voz
de cada um: quanto mais forte for a voz, mais afastado o locutor deverá ficar
do microfone.
Varia também com a qualidade de captação do microfone.
Técnicas - Ao falar
Jamais abra um microfone para falar sem ter em mente tudo o que
deseja falar.
O raciocínio no momento da fala deve ser geral e não específico.
Nunca parta para um argumento pensando na idéia fragmentada, você
vai se perder em meio aos argumentos durante a locução.
O locutor ao abrir o microfone, já deve ter sua idéia concatenada,
ou seja, sua idéia já deve estar construída
na mente, com começo, meio e fim.
Nosso cérebro é muito mais veloz ao construir as frases quando
pensamos, do que nosso aparelho fono articulatório quando ao expressá-las
quando falamos. Se você aprender a condicionar sua mente a construir toda a
idéia antes de falar, sua comunicação será mais efetiva e sua verbalização mais
equilibrada e constante.
Ao contrário de muitos comunicadores que constroem suas frases no
momento da fala.
A locução vai ficar carregada de entrecortes e titubeio, que
acabará denotando insegurança e falta de
preparo no assunto abordado.
Antes de falar observe:
- Leia pelo menos três vezes o textos a serem apresentados no ar.
- Jamais interprete um texto sem lê-lo bem;
- Certifique-se
se todos os comandos a serem dados à mesa de áudio estão preparados, tais como,
músicas, vinhetas ou trilhas a serem veiculadas no ar;
- Procure
saber se existe alguma novidade na programação, tais como novas músicas ou
promoções, ou até mesmo, alterações técnicas nos equipamentos do estúdio;
- Confira
sua programação musical para certificar-se se todos os CDs ou Md de músicas, se
for o caso, estejam no estúdio.(*)
- Confira
também sua programação comercial para certificar-se se todos os Mds e textos de
comerciais testemunhais estão no estúdio. (*)
(*) Sistemas operacionais computadorizados substituíram cartuchos,
fitas cassete e até mesmo mds na hora de veicular músicas e comerciais. Um microcomputador ligado à mesa de áudio,
gerência a entrada dos breaks, das vinhetas e das músicas. Com um click no mouse o locutor ou sonoplasta
colocam no ar todo o conteúdo que
antigamente deveria ser comandado
manualmente. Grande parte das emissoras brasileiras se utilizam do
sistema Digirádio, produzido pela Victor.
Técnicas - Locução e voz
Da mesma forma que um pianista cuida em
especial de suas mãos, um atleta de seu corpo, um locutor também precisa cuidar
de sua voz. Uma bela voz vem de tributos pessoais, da formação congênita de uma
pessoa. Mas não devemos esquecer no entanto, que a boa comunicação pela voz,
não é feita apenas pôr um belo timbre.
Vimos anteriormente, que muitos fatores
além da qualidade vocal, interagem
no momento da locução, tais como:
dicção, articulação e a pronúncia correta das palavras junto ao microfone.
À seguir anote algumas dicas que sempre
funcionaram comigo:
- Evite tomar líquidos excessivamente gelados de uma só vez. O
líquido em baixa temperatura, quando ingerido rapidamente, pode baixar suas
defesas, devido a presença de uma flora bacteriana presente em sua traquéia. No
momento da ingestão, o líquido gelado que vai para o estômago, provoca um
desequilíbrio térmico no interior do nosso corpo. Isto faz com que o sangue e os glóbulos vermelhos,
que são a defesa do organismo naquela região, sigam instantaneamente para o
aparelho digestivo, à fim de levar calor para àquela região. Isto provoca uma
baixa resistência nas defesas da garganta que pode ser invadida pôr bactérias e
vírus localizados naquela região, causando com isso um foco infeccioso,
conhecido pôr amigdalite, que vai provocar rouquidão. Para evitar a origem
destes problemas basta, você ingerir líquidos gelados mais pausadamente,
quebrando inicialmente a baixa temperatura na boca.
- Evite
tomar leite, iogurte, comer queijo, ou chocolate antes de locutar.
Não que prejudiquem sua voz, mas porque toda substância láctea
quando ingerida, vai alterar o Ph da sua saliva, deixando-a mais viscosa. Isto
vai provocar pigarros devido a maior densidade da saliva ao umectar as cordas
vocais durante a fonação.
- Se
você é fumante, saiba que o cigarro é um dos maiores inimigos da qualidade da
sua voz. Pequenas partículas de Alcatrão, Nicotina, Piridina e Furfurol
contidos na fumaça, serão depositados nas cordas vocais e em toda a estrutura
do aparelho fono articulatório, causando constante irritação.
Tosses e pigarros estarão dividindo espaço com sua Locução.
- Gargarejos diários com água morna e sal, acompanhados de meio
copo de limão pela manhã, agem como preventivos das infecções de garganta,
excessivamente prejudiciais ao locutor...
Técnicas - Notícias
A programação jornalística de rádio pode expressar-se em várias
formas de apresentação. Estas são as principais:
§
nota: texto pequeno, de cinco a oito linhas, com
informação rápida e objetiva, para ser lido em intervalos da programação
musical. É uma forma de manter o ouvinte atualizado sobre assuntos variados.
§
boletins: textos com notícias sobre
um mesmo tema. Geralmente são breves e regulares, apresentados durante a
programação, como forma de acompanhar um evento.
Exemplo:
- Depois
de dois anos de obras, a sede própria da Rádioficina vai ser inaugurada neste
próximo dia 25 de setembro – dia do rádio às três horas da tarde. Confirmaram
presença: César Rosa, Emílio Surita, Beto Rivera e Irineu Toledo.
Desde cedo, o radialista deve desenvolver a escrita de boletins:
- Informando
sobre situação das estradas;
- Dando
a previsão do tempo;
- Transmitindo
informações de eventos ao vivo;
- Divulgando
fatos de utilidade pública.
- jornal falado: é a
reunião das principais notícias do dia ou da semana. Pode durar de cinco a
trinta minutos. O jornal falado tem divisões bem definidas, com a apresentação
de notícias locais, nacionais, esportivas e culturais. O ideal é que o jornal
seja lido por dois locutores: isso dá mais ritmo e agilidade às notícias e
evita a monotonia.
- manchetes: as três ou
quatro notícias mais importantes merecem destaque na forma de manchetes (frases
com apenas uma linha). As manchetes abrem a edição de um jornal falado e
anunciam para o ouvinte os principais fatos do dia.
Exemplo de manchetes:
- “Fiori
Giglioti é o novo professor de locução
esportiva da Rádioficina”.
- “A
Rádioficina recebe os recursos da
Abraqua – Associação Brasileira de Qualificação Profissional Pró-Rádio para sua
rádio na Internet”.
- “Aluno
da Rádioficina recebe prêmio em concurso de locução”.
§
comentário: é a opinião de alguém
que conheça bem o assunto que comenta. O comentarista influência o ouvinte. Um
comentário nunca é neutro: sempre servirá para emitir um juízo de valor.
Exemplo:
- A
professora Juçara Silveira, da Rádioficina, comenta a escolha dos livros
didáticos “Como falar no Rádio” e “Rádio – Inspiração, Transpiração e
Inspiração” adotados pelo MEC e que serão utilizados no próximo ano letivo. Ela
diz porque alguns autores foram selecionados e outros não. Também avalia como
os alunos poderão aproveitar os novos livros.
- edição extraordinária: informação que
entra no ar a qualquer momento, geralmente no formato de notas, interrompendo a
programação quando a notícia for urgente.
Exemplo:
- “Acabou
há pouco a reunião de corpo docente da Rádioficina. Eles decidiram que a verba
da Caixa Escolar será empregada na compra de equipamentos de áudio para a
escola. Os novos equipamentos servirão às aulas de sonoplastia. Mais
informações sobre essa decisão, ao meio dia, no nosso jornal”.
- utilização de recursos
sonoros: todo programa deve começar e terminar com trechos de música. Isso
permite que, já na abertura, o programa seja identificado imediatamente pelo
ouvinte.
Música, som e efeitos
especiais são importantes no rádio.
Compensam a limitação do veículo, que utiliza um dos nossos sentidos.
Os recursos sonoros no rádio colaboram para a criação de “imagens” auditivas.
Compensam a limitação do veículo, que utiliza um dos nossos sentidos.
Os recursos sonoros no rádio colaboram para a criação de “imagens” auditivas.
Ao você apresentar um noticiário observe os seguintes detalhes:
- Procure
tomar líquidos antes da locução, tais como: Chá, Café ou suco de frutas. É
preciso manter as cordas vocais sempre umectadas durante a fonação.
- Leia o
texto pelo menos três vezes.
A primeira vez para certificar-se do assunto abordado no texto da
matéria, à fim de determinar os moldes da interpretação na leitura, ou seja, é
preciso conhecer o tema para não ser alegre ou descontraído em notícias sérias
ou vice-versa;
A segunda vez para você identificar a existência de nomes
estrangeiros, palavras de difícil pronúncia ou a presença de números ou cifras;
A terceira para definir sua modulação, projeção de voz e ritmo
de leitura;
- Fique
atento ao roteiro e aos sinais do operador de áudio, caso você não opere a mesa
durante a leitura do texto. A sincronia da técnica com a locução são muito
importantes no rádiojornalismo.
Fica muito mal no ar você chamar uma matéria e entrar outra;
- Pronuncie
corretamente seu texto, definindo bem a pronuncia das palavras, principalmente
naquelas terminadas com “S” ou “R”;
- A
interpretação e a entonação das palavras durante a leitura da notícia devem ser
bem feitas, na forma correta, para que não se perca o sentido ou se cometam
exageros.
- Realce
bem o final das frases do texto, fazendo um breve intervalo, à fim de que o ouvinte
não misture os assuntos contidos na notícia que vem a seguir. Se houver trilha
de fundo, uma breve elevação do áudio entre uma notícia e outra vai causar o
mesmo efeito no ar.
- Preste
atenção ao chamar matérias externas, à fim de não trocar o nome dos repórteres
ou pessoas. O mesmo em notícias com números, cuide para que não sejam trocados.
- Na
locução a dois sempre é importante existir uma diferença no timbre de vozes.
Isto vai dar mais ritmo e velocidade ao jornal. Deve-se observar ainda pôr parte
dos locutores, a sincronia durante a leitura, para que um não atropele a
locução do outro.
- Se
cometer algum erro, substitua-o pôr palavras como: ou melhor, ou
seja, imprima um leve sorriso nos lábios e continue. Não chame a
atenção para o fato, pois o ouvinte de rádio na maioria das vezes, pôr estar
somente ouvindo ou fazendo outras coisas ao mesmo tempo, não se apercebe de um
erro como na televisão.
Técnicas - Flashes
Ao Elaborar uma matéria em forma de flash (1) ou boletim (2)
observe:
- Observe
as condições do local escolhido para dar a matéria.
Cuidado com locais com muita circulação de pessoas, os ruídos e as
interrupções podem prejudicar sua
concentração e o raciocínio
durante a transmissão;
- Certifique-se
do tempo de sua entrada no ar. Caso haja alguém para ser entrevistado,
mantenha-o informado do tempo também.
Seja conciso e direto no relato das informações, não esquecendo que
seu objetivo é informar e não opinar.
As matérias não devem ultrapassar um minuto no FM.
Já no Am conforme a segmentação da emissora (rádiojornalismo,
prestação de serviço ou entretenimento) o repórter dispõe do dobro do tempo,
devido ao maior espaço dado para a notícia dentro da programação.
- Jamais
passe o microfone para as mãos do entrevistado – seja a figura dominante
durante a entrevista.
- Mantenha
sua participação no ar num ritmo vibrante e dinâmico.
- Faça
um boletim com objetividade e clareza, procurando deixá-lo dentro da linguagem
do rádio, cuidando ainda para que a síntese não prejudique a nitidez.
- Em
matérias com a participação de outras pessoas, faça perguntas diretas e peça do
entrevistado respostas concisas também.
- Certifique-se
que os detalhes técnicos da transmissão estejam em ordem. Faça os devidos
testes para certificar-se disto.
- Geralmente
o locutor no boletim se reporta a uma central da emissora ou ao próprio locutor
no estúdio. Um check-in deverá ser feito antes da entrada do repórter no ar,
através do retorno.
- Em
matérias que envolvam a entrada de ouvintes observe: vocabulário, dicção,
articulação e pronúncia, bem como, o assunto a ser abordado pelos mesmos.
- Não
esquecer das deixas e ganchos com o locutor no estúdio, evitando com isto
possíveis buracos ou espaçamentos entre as passagens dentro do programa.
(1)
Flash – Rápida informação sobre um fato, dado pelo repórter.
(2)
Boletim – Breve informativo transmitido pelo próprio repórter sobre assunto
abordado em entrevista, ou baseado em informações que não foram gravadas. Num boletim o repórter poderá ainda, fazer
uso da mobilidade do rádio para descrever o ambiente ou até mesmo o estado de
espírito das pessoas entrevistadas.
Técnicas – Entrevistas
- Prepare-se,
procurando conhecer bem seu entrevistado antecipadamente, através de releases
divulgados à imprensa ou informações veiculadas pela mídia. Um artista que
possua uma boa assessoria de imprensa, jamais se apresentará para uma
entrevista sem um release, ou seja, um texto preparado para estas ocasiões, que
contenha seu histórico e dados de sua carreira. Mas como tudo pode acontecer no
rádio prepare-se para imprevistos.
- Faça
um roteiro da entrevista que contenha: o nome,
uma breve apresentação do seu entrevistado, particularidades da pessoa e
os motivos que a levaram a participar do seu programa;
- Procure
fazer perguntas inteligentes, rápidas e objetivas;
- Cuide
para que suas perguntas sejam abrangentes mas não extremamente explicativas, a
ponto de no final, você já ter dito o que o entrevistado lhe responderia.
Fonte: Radialismo e Art
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